Você já ouviu falar em mineração urbana?
Essa prática tem aspectos em comum com a mineração tradicional: ambas visam a coleta de materiais valiosos. A grande diferença é que na versão urbana o ouro não está escondido em jazidas, e sim no lixo.
A mineração urbana é, em grande parte, o que viabiliza a reciclagem, por isso é muito importante para a sociedade.
Quer conhecer mais sobre o assunto? Então continue no texto para descobrir a fundo o que é essa prática, como ela transforma lixo em riqueza e como você pode contribuir com ela!
Mineração urbana, afinal, o que é isto?
Como comentamos, a mineração urbana possui o mesmo objetivo da tradicional: coletar riquezas. Mas, embora a finalidade em comum aproxime as duas práticas, existem grandes diferenças entre elas.
Enquanto a tradicional cava jazidas e explora o solo retirando os seus nutrientes, a urbana revira o lixo da cidade, de lixões e de aterros sanitários, viabilizando o seu reaproveitamento.
Abordando o conceito técnico, mineração urbana são conjuntos de operações de coleta, análise, processamento e reciclagem. Ou seja, toda a logística necessária para recuperar os resíduos, que neste contexto são chamados de matérias-primas secundárias.
Essa prática nasceu para lidar com a problemática do lixo, e ela prospera de acordo com o poder aquisitivo da população, já que a quantidade de resíduos gerados aumenta de acordo com esse quesito.
Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostraram que a geração de lixo sobe 11% no Brasil em uma década.
Nem mesmo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi suficiente para conter a produção de detritos no Brasil. Segundo dados da Abrelpe, em 2010 o Brasil produziu 71,2 milhões de toneladas de resíduos, e passou para 79 milhões de toneladas em 2020.
Dessa forma, o que não falta é trabalho para os garimpeiros da cidade. E você sabe quem são eles? Se pensou nos catadores, você está correto!
A importância dos catadores na mineração urbana
Eles são um grupo que passa despercebido pela sociedade, mas nos países em desenvolvimento os catadores de lixo são agentes importantes da mineração urbana.
A prova disso está nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que mostra que o trabalho deles é responsável por aproximadamente 90% de todo lixo que é reciclado no Brasil.
Incrível, não?
Existem aproximadamente 800 mil catadores no nosso país. Eles percorrem cerca de 20 quilômetros por dia, carregando carroças com mais de 200 quilos de lixo, ou melhor dizendo, de riqueza.
Estamos falando aqui de um trabalho importantíssimo, difícil e, infelizmente, pouquíssimo valorizado.
Transformando lixo em riqueza
À primeira vista o lixo não parece algo muito interessante, mas aos olhos da mineração urbana existe muita coisa valiosa ali.
Ao vasculharem os resíduos, os garimpeiros da cidade encontram plástico, papelão, vidro e tudo que pode ser reciclado e voltar para a cadeia produtiva. Porém, eles encontram mais do que isso, já que também existem muitos metais ferrosos e não ferrosos neste meio, o que não é o ideal!
Isso ocorre porque quase todo lixo eletrônico do Brasil é descartado de maneira errada. Apenas 3% de 1,5 mil toneladas destes resíduos gerados anualmente, vai para a reciclagem, de acordo com o estudo Global E-Waste Monitor.
A falta de ações efetivas de manejo de sucata eletrônica e metálica prejudica a população em diversas frentes. A primeira delas é o risco que oferece à saúde, pois já é comprovado que nestes materiais existem metais tóxicos que podem causar câncer e outras doenças.
Além disso, ainda há o problema ambiental. Os mesmos metais pesados que prejudicam o bem-estar da população, também estão contaminando o solo, os lençóis freáticos e os cursos d’água, prejudicando nossa fauna e flora.
Como se o estrago citado ainda não fosse o bastante, o Brasil deixa de ganhar R$ 14 bilhões com reciclagem de lixo, de acordo com dados da Abrelpe.
Toda essa movimentação econômica poderia estar gerando empregos para milhares de famílias, renda para empresas e receita para o Estado, e estamos perdendo tudo isso por falta de investimento na indústria da reciclagem!
A mineração urbana recolhe materiais que estão sendo descartados indevidamente e viabiliza que eles voltem a ser matérias-primas secundárias, que, inclusive, possuem a mesma qualidade das virgens.
Só para você ter uma ideia de como há riqueza nestes produtos que descartamos, um relatório do Solving the E-waste Problem (StEP), mostrou que a reciclagem de uma tonelada de celulares antigos provém 3,5 kg de prata, 130 kg de cobre e 340 g de ouro.
Além disso, de acordo com um estudo da Comunidade Europeia, a mineração urbana é capaz de reduzir cerca de 20% da necessidade de matérias-primas virgens até 2030!
Viu como não é preciso cavar jazidas para buscar os materiais necessários para atender a demanda das indústrias?
A mineração urbana, além de ser rentável, sustentável e favorecer a saúde pública, ainda reduz a necessidade da exploração mineral.
Ah, e você pode apoiar esse movimento, quer saber como?
Como contribuir para a mineração urbana
Cada um de nós pode contribuir para que a mineração urbana dê certo. Para garimpar e encontrar riquezas em meio aos resíduos, você não precisa ir longe, tampouco sair por aí em busca de resíduos valiosos.
Dentro da sua própria casa ou no trabalho, é comum encontrar eletrônicos e materiais que vão se transformar em sucatas metálicas encostadas e sem uso. Agir para dar a destinação correta a esses materiais, além de liberar espaço, permite que eles tenham seus componentes reaproveitados.
No artigo O que a BH Recicla faz com os eletrônicos de sua casa?, explicamos que parte do nosso serviço é enviar resíduos aos nossos parceiros especializados em transformá-los e devolvê-los à cadeia de produção.
Por isso, não se esqueça de que você pode solicitar nosso serviço de coleta gratuita em sua residência ou empresa.
E então, o que você achou da mineração urbana? Compartilhe sua opinião nos comentários! Para ter acesso a mais conteúdos como esses continue no nosso blog!