Sabe aquele restinho de comida que fica no prato e vai para o lixo? Ou aquela carne que você esqueceu de guardar no congelador e acabou estragando? Parecem coisas pequenas, mas configura o sério problema do desperdício de alimentos no mundo.
É preocupante ver atitudes como essa, já que do outro lado da moeda, de acordo com o relatório Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional do Mundo, 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019, isso é mais que a população da América Latina.
Estima-se que em 2020 este número piorou em até 130 milhões, devido à pandemia do Coronavírus, que colocou ainda mais pessoas em estado de vulnerabilidade no mundo todo.
Se você está aqui é porque deseja contribuir para uma sociedade melhor, por isso, nesse texto vamos abordar a realidade do desperdício de alimentos, os impactos deste problema e como evitar que isso ocorra. Vamos lá?
A realidade do desperdício de alimentos
Segundo o pesquisador Marcos Fonseca, da Embrapa, de tudo o que se produz, aproximadamente 30% não irá parar na mesa das famílias, pois existe a perda e o desperdício de alimentos.
O primeiro, diz respeito à perda de alimentos no processo de produção, pós-colheita, transporte e armazenamento. Já o segundo, está intimamente relacionado aos hábitos de consumo.
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, realizada em setembro de 2020, 10,3 milhões de brasileiros estavam em situação de fome, isso sem considerar os moradores de rua.
Como tanta gente passa fome em um país que 25% do seu território corresponde a terras cultiváveis e em 2020 produziu o suficiente para alimentar 1 bilhão de pessoas?
Uma das respostas para essa pergunta está na estimativa do Instituto Akatu, que diz que anualmente, no Brasil, 15 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo, comida que poderia alimentar a população brasileira inteira por 47 dias.
E, porque um problema tão grande como esse não protagoniza as discussões sociais? Devido à cultura do desperdício, vamos conhecer mais sobre o assunto.
Cultura do desperdício
A alimentação do brasileiro está muito relacionada ao excesso, basta pensar nos almoços familiares, nos rodízios, nos restaurantes sem balança ou na quantidade de arroz e feijão que vem no prato-feito.
Como prova disso, de acordo com informações do World Resources Institute (WRI), o Brasil está entre os 10 países que mais desperdiça comida no mundo.
Em restaurantes, padarias e outros estabelecimentos a maioria da comida que sobra vai direto para o lixo, isso porque a Anvisa determina que se alguém consumir a comida apresentar alguma doença, o estabelecimento é responsabilizado, portanto, para evitar problemas, eles descartam a comida.
A cultura do desperdício não se limita ao Brasil. Segundo estudo publicado na revista científica Resources, Conservation and Recycling, os norte americanos consomem menos da metade de toda a comida que compram.
Outra faceta do desperdício é a que ocorre em supermercados, quando alimentos que estão feios ou machucados, porém, adequados para consumo, são descartados.
O que não é visto ao jogar um alimento fora, é que também está descartando todo o dinheiro investido na sua produção, bem como os recursos naturais necessários para tal. Para compreender melhor esta problemática vamos para o próximo tópico.
O impacto do desperdício de alimentos no meio ambiente e na economia
A problemática do desperdício de alimentos não impacta apenas na qualidade de vida de quem não tem acesso à comida, mas também é danosa ao meio ambiente e gera prejuízos à economia.
De acordo com o relatório “Os rastros do desperdício de alimentos: impactos sobre os recursos naturais”, realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), as 1,3 bilhões de toneladas de alimentos descartados anualmente resultam no prejuízo de 750 bilhões de dólares.
O orçamento familiar também é bastante prejudicado pelo desperdício de alimentos. Segundo estimativas do Instituto Akatu, se as famílias brasileiras descartassem 20% menos comida, elas teriam uma economia de aproximadamente 90 reais todo mês.
Além do dinheiro investido, a produção de alimentos possui uma pegada hídrica altíssima, correspondendo a 70% da água doce consumida no mundo.
Os impactos ambientais não se resumem apenas ao gasto de água, existe também o desmatamento e espécies naturais que são desabrigadas para dar lugar a lavouras.
Sem falar da emissão de dióxido de carbono resultante da produção de alimentos, de acordo com o relatório da FAO, os alimentos descartados anualmente geram 3,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, agravando o efeito estufa.
Imagino que agora você esteja convencido de que o desperdício de alimentos deve ser combatido a qualquer custo por isso, vamos discutir agora como podemos fazer a nossa parte para minimizar esse problema.
Como evitar o desperdício de alimentos
Vamos conhecer agora algumas dicas para evitar o desperdício de alimentos na sua casa!
Compra inteligente
Uma ótima forma de reduzir o desperdício de alimentos é fazer uma compra inteligente! Isso quer dizer que antes de ir ao mercado, faça uma lista considerando cada refeição que você irá ter e compre os ingredientes necessários.
Para isso funcionar melhor, é indicado que você faça compras semanalmente, pois assim consegue ter um controle maior do que irá comer.
Não tenha medo de congelar os alimentos
Se por acaso você percebeu que comprou ou cozinhou mais comida do que devia, o mundo não está perdido, basta você congelar aquilo o que sobrou em um recipiente próprio e descongelar quando quiser comer.
Use a criatividade na cozinha
O gostoso da culinária é se aventurar e cozinhar novos pratos, por isso, aproveite as sobras da sua geladeira e não deixe nada ir para o lixo!
Com o arroz que sobrou você pode fazer um risoto, de repente se também sobrou feijão você pode fazer um baião de dois.
Conclusão
Em um mundo com 7 bilhões de habitantes, no qual a produção de alimentos é suficiente para alimentar 12 bilhões, é um absurdo que tenha quase 1 bilhão de pessoas passando fome.
Parte dessa realidade se deve ao grande desperdício de alimentos, que beira 1,3 milhões de toneladas por ano.
Reverter essa realidade é responsabilidade de todos nós, por isso o primeiro passo é a conscientização!
Compartilhe este texto, leve essa discussão para o seu ciclo social conversando sobre isso com seus amigos e familiares, pouco a pouco conseguimos fazer a diferença.
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